domingo, 5 de julho de 2009

Hermitage abre filial em Amsterdã - uma boa idéia?


O Museu Hermitage, de São Petersburgo - Rússia, abriu recentemente uma filial em Amsterdã, na Holanda [figura acima].


Abrir filial de um grande museu não é privilégio da Rússia. O Louvre já firmou uma parceria com os Emirados Árabes Unidos e está construindo uma filial em Abu Dhabi com previsão de inauguração para 2012 [projeto acima]. No Brasil temos um exemplo parecido. Há alguns anos foi criado o museu Vitor Meirelles em Florianópolis [abaixo], cujo acervo é formado basicamente por peças emprestadas pelo Museu D. João VI da UFRJ e pelo Museu Nacional de Belas Artes (RJ) - sendo que os dois museus também já pertenceram a uma única instituição, a Escola Nacional de Belas Artes.


Claro, é genial distribuir o acervo do Hermitage, o maior museu do mundo - o número de peças no seu inventário ultrapassa aos milhares as peças do Louvre. As peças que estão sendo expostas em Amsterdã pertenciam à reserva técnica do museu (reserva técnica é para onde vão aquelas peças que pertencem ao museu mas não ficam expostas, e sim armazenadas em depósitos), e nem é muita coisa. Mas é certo colocar parte da herança russa fora do território nacional, como retratos e roupas dos imperadores, o que pode impossibilitar boa parte dos cidadãos de ter acesso algum dia a essas obras?


Os museus costumam emprestar peças do seu acervo para exposições temporárias, mas jamais de forma permanente. A Mona Lisa (tirando o caso do roubo de 1913) saiu do Louvre apenas uma vez, para ser exposta nos EUA. Dizem que o governo francês estava desesperado por um empréstimo americano, e parte do acordo foi a cessão da Mona Lisa de da Vinci para uam exibição no território norte-americano. Emprestar é bom pois é uma forma de divulgar a cultura e o acervo de um país (veja o caso da Virada Russa, no CCBB), mas criar uma filial de caráter permanete pode ser uma iniciativa perigosa.


No caso de guerra na Europa, quem vai tomar os cuidados necessários para preservar essas obras? E se esse acervo ficar judicialmente retido na Holanda no caso de uma moratória da dívida pública externa russa?


No final das contas, sortudos serão os visitantes do Hermitage de São Petersburgo, que terão a oportunidade de ver peças de qualidade incomparável. O governo russo investiu pesadamente na educação artística durante 500 anos, e os resultados são fenomenais e internacionalmente reconhecidos.


Agora, olhando as fotos abaixo do Hermitage de Amsterdã, nos perguntamos qual a necessidade das falsas janelas e pilastras na parede das galerias. Parece que elas estão derretendo. Além disso, as paredes brancas são um erro, pois deixam as pupilas dos visitantes muito contraídas, o que atrapalha no momento de olhar para as obras de arte. Pode ser uma tentiva de deixar mais cool e contemporâneo o aspecto do museu. Isso era necessário? Julguem por si e comentem!




[Marcelo Gonczarowska Jorge]

Nenhum comentário:

Postar um comentário