quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Aula de Inquietação 2º2011 (+)

Luiz Filipe Barcelos/UnB Agência

Aula da Inquietação vira palco de diversas manifestações

Estudantes aproveitaram momento de incorformismo para pedir reforma de teatro, reparação de crimes da ditadura e maior orçamento para educação


Francisco Brasileiro - Da Secretaria de Comunicação da UnB



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A Aula da Inquietação, na sua sexta edição, já extrapolou seu propósito original. Não foram só os convidados Nicolas Behr e Juliano Cazarré que trouxeram inquietações aos calouros. Estudantes também expressaram sua indignação diante dos problemas da universidade e do Brasil. Performances, pintura e cartazes foram as formas que encontraram de expressarem as suas vozes no Teatro de Arena.

Uma das bandeiras levantadas foi o direito a memória e esclarecimento dos crimes cometidos durante a ditadura militar. Um grupo de estudantes debruçou-se sobre a pintura de uma nota de 100 cruzeiros que trazia os rostos de três estudantes da UnB desaparecidos durante os anos de chumbo: Honestino Guimarães, Ieda Santos Delgado e Paulo de Tarso Celestino.

“Escolhemos as notas de 100 cruzeiros porque era essa a moeda em circulação na época”, explica a artista Daiara Figueroa, formada em Artes Visuais na UnB. Segundo ela, por causa da desvalorização, a cédula chegou a valer apenas 10 centavos. “O regime carimbou todas para indicar o novo valor, da mesma forma que carimbavam os estudantes considerados subversivos”, explicou Daiara. A atividade chamou a atenção mesmo de quem acabou de chegar na UnB. O calouro de Ciência Política Pedro Paulo juntou-se ao processo de criação como uma forma de expressar suas opiniões. “Acredito que a anistia foi um processo político injusto e manipulado”, afirmou.

Alexandra Martins/UnB Agência
Manifestação a favor do direito a memória e esclarecimento dos crimes cometidos durante a ditadura militar

Os problemas presentes da universidade também foram alvo de manifestações. Estudantes do Instituto de Artes (IdA) protestavam por uma melhor estrutura para os cursos da área. “Estamos aqui para ouvir, mas também para fazer um manifesto silencioso pelo nosso teatro”, disse o calouro de artes cênicas Rafael Jhonathan. O teatro Helena Barcellos foi interditado na última terça-feira para reformas emergenciais. “Entre outras reivindicações pedimos que a reforma do teatro seja rápida”, explica Tulio Starling, também das Artes Cênicas. Rafael e outros alunos do IdA se colocaram dentro de caixas de papelão que formavam frases como a que dizia: “Teatro interrompido. No meu teatro já não entro.”

Alexandra Martins/UnB Agência
Estudantes de Artes Cênicas pedem reforma do teatro Helena Barcellos

Lucas Brito, estudante do 6º semestre do Serviço Social, distribui panfletos em favor da destinação de 10% do orçamento federal para a educação. “Acreditamos que a universidade pode se beneficiar bastante dessa mudança, principalmente no que diz respeito à segurança”, conta o estudante. Ao lado, alunas do Coletivo Unificado de Mulheres exibiram cartazes contra a violência sexual.

O reitor da UnB José Geraldo de Sousa Júnior ressaltou a importância das manifestações dos estudantes para abrilhantar o evento. Segundo o reitor, esse é o momento para que os problemas da universidade sejam mostrados. “Na verdade, são bons problemas, na medida em que hoje a universidade apresenta perspectivas para enfrentá-los”, afirmou.

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